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terça-feira, 29 de dezembro de 2009

As 10 resoluções de ano novo que você fará e não cumprirá

Não importa se você leu "O Segredo" ou acredita que o caminho para o sucesso está em seu coração. Você não cumprirá suas resoluções de fim de ano. Milhares de estudos feitos por psicólogos - que deveriam ocupar seu tempo realizando pesquisas sobre transtornos mais relevantes - apontam que basta dividir objetivos em pequenos passos e permitir recompensas para chegar ao sucesso. Besteira. Uma lista de resoluções é uma obra de ficção, nada baseada em fatos reais. Ou talvez eu simplesmente esteja amargurada por não conseguir cumprir nenhum dos meus itens. Se você for uma pessoa pró-ativa, eficiente e empreendedora, conte isso em uma dinâmica de grupo e encare esse post como um desafio. Prove que estou errada, vá em frente. Em dezembro de 2010, nós conversamos.

10 - Aprender a dirigir e/ou a tocar algum instrumento e/ou a falar mandarim.
Exigem níveis de dedicação distintos, mas envolvem adquirir uma nova capacidade, ampliar nosso ínfimo "repertório". Adquira seu "Como falar qualquer coisa em [insira o idioma aqui]", compre um banjo, pague o DUDA e boa sorte.

9 - Emagrecer X quilos e ter uma vida saudável.
E mesmo que você não precisasse emagrecer até ontem, fará questão de arruinar isso durante as ceias de Natal/Reveillon. A virada do ano é o melhor período para as conhecidas promessas de abandonar o cigarro, as bebidas e encontrar Jesus.

8 - Verdadeiramente ler as revistas que assina e os livros que compra.
Acredite por alguns segundos na mágica ilusão de que você finalmente se livrará de todas as desculpas - "Não tenho tempo", "Preciso de óculos" - e lerá os exemplares que enfeitam sua estante.

7 - Ganhar mais dinheiro por meios lícitos.
7.1 - Um trabalho gratificante, que recompense o investimento na faculdade e te realize profissionalmente.
7.2 - Os 100 milhões da mega-sena da virada.

6 - Evitar gastos supérfluos.
Risque da sua lista os celulares de última geração, o Kindle e o wii. Você pode viver perfeitamente em um modesto apartamento, com internet discada e aproveitando as promoções de salgado + refresco.

5 - Não procrastinar.
Depois eu escrevo mais sobre isso.

4 - Não se estressar com problemas pequenos ou que não tenham solução.
Problemas pequenos que não têm solução são a definição na vida. Aquela história de "Não fique assim. Fulano tem câncer e passa por coisas bem piores" só funciona para seres muito elevados.

3 - Fazer a matrícula em uma academia.
Desculpe. Essa você provavelmente vai cumprir. Eu, por exemplo, já fiz 5 matrículas em 5 academias diferentes. E frequentei um total de 5 aulas.

2 - Aproveitar as coisas simples da vida.
Apreciar o canto do passarinho na janela enquanto assiste ao pôr do sol, sente o sabor de uma fruta madura e ouve o riso de uma criança. Poético, mas aposto como você prefere gastar os 100 milhões da mega-sena em uma viagem para Las Vegas.

1 - Cumprir a lista de resoluções.
"Ah, esse ano eu conseguirei!". Não, campeão.


Atenção. Uma ONG britânica para saúde mental adverte: se seus planos não se materializarem, sentimentos de fracasso e inadequação podem ser despertados. Vejo insegurança, sensação de desespero e uma leve depressão no horizonte de 2010.

Feliz ano novo para todos!

terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Os 10 melhores álbuns de 2009

Em um ano que baixei mais música que em todos os anteriores, me sinto quase na obrigação de fazer uma lista como essa. Não posso negar que seja tendenciosa, afinal, o que não ouvi não entrará aqui por motivos óbvios, mas posso dizer que me esforcei, com bastante (im)parcialidade, preparar uma lista de 10 álbuns não seguindo apenas o que mais gostei, mas também diversos outros critérios aleatórios e obscuros, os quais obviamente você, leitor(a), não vai tomar conhecimento. E sem mais floreios, eis a lista.

10 - “Wolfgang Amadeus Phoenix”, do Phoenix.

Uma banda francesa que mescla um indie rock à música eletrônica. Até aí pode não parecer ter nada de especial, mas o Phoenix vai muito além. Com o primoroso vocal de Thomas Mars e a levada pop de seus músicos, ela se destaca. Prova disso é a indicação ocorrida em dezembro ao Grammy de Álbum Alternativo do Ano. Não podia não constar nessa lista.

9 - “Sing Along To Songs You Don’t Know”, do Múm.

Um trabalho experimental islandês. Algumas pessoas logo torceriam o nariz para isso, outras aclamariam. O importante é que o Múm faz um som muito agradável com vocais doces, efeitos eletrônicos simples e instrumentos pouco convencionais. Escrevo esse texto ouvindo a deliciosa “Prophecies & Reversed Memories”. É para o deleite de qualquer um.

8 - “A New Tide”, do Gomez.

Existem muitas camadas de instrumentos no novo trabalho do Gomez. É uma percussão mais elaborada, um ritmo cativante, uma orquestra em determinado momento, a simplicidade de um violão e estalar de dedos acompanhando uma música etc. “A New Tide” é complexo e merece diversas audições para conseguir captar suas nuances.

7 - “Nature Is A Taker”, do Uninhabitable Mansions.

Pouco mais de 10 mil execuções no Last.fm e descrições sucintas pela internet, o Uninhabitable Mansions é um coletivo de arte e uma banda formada por diversos integrantes de outras: Robbie Guertin e Tyler Sargent do Clap Your Hands Say Yeah, Annie Heart do Au Revoir, Doug Mavin do Dirty On Porpose e Chris Dicken do Radical Dads. Quem conhece qualquer uma dessas e não conhece o UM, aposto que vai correr atrás depressa. E quem não conhece, procure tudo isso e obviamente o debut do Uninhabitable. Um pop rock com tons psicodélicos dá o tom de “Nature Is A Taker”.

6 - “The House That Dirt Built”, do The Heavy.

O que você pensa ao ouvir algo que vai de forma fluída do soul ao funk, rock de garagem com pitadas de James Brown e um pouco rockabilly aliados a músicas dignas de um Whestern Spaghetti? É o que The Heavy faz em seu segundo álbum, “The House That Dirt Built”, com absurda competência. Kelvin Swaby possui uma voz capaz de acompanhar todos esses ritmos. O trabalho foi produzido e mixado por Jim Abiss, que também trabalhou com o Arctic Monkeys, o Kasabian e o Bombay Bicycle Club. É muita aptidão para o negócio!

5 - “Humbug”, do Arctic Monkeys.

O Arctic Monkeys fez um sucesso tremendo com seu primeiro álbum, “Whatever People Say I Am, That’s What I’m Not”, lançado em 2006. Repetiu seu jeito conseguindo mais sucesso com “Favorite Worst Nightmare”, de 2007. E o que esperávamos do seu terceiro trabalho de estúdio? Mais do mesmo, claro, mas não foi o aconteceu. Muito mais sombrio e maduro que os trabalhos anteriores, “Hambug” talvez se aproxime no máximo do que foi “505” e vai além, sem medo de ser diferente. Em algumas músicas a própria voz do Alex Turner está irreconhecível. 5º lugar para os Macacos. Destaque também para o EP “Cornerstone”, com músicas que mereciam constar no álbum.

4 - “West Ryder Pauper Lunatic Asylum”, do Kasabian.

O Kasabian continua o Kasabian e, além disso, vejam o clipe de “Vlad The Impaler”. Isso já basta.


3 - “The Satanic Satanista”, do Portugal. The Man.

Partindo do indie, passando por soul, blues e folk, Portugal. The Man faz um som único, assim como é seu líder, John Baldwin Gourley. Nascido no Alaska, John vivia um isolamento tecnológico e, durante o inverno, sua energia era provida por um gerador e não possuía nem ao menos telefone. “The Satanic Satanista”, o quarto álbum, começa com a ótima “People Say” e segue numa sequência de músicas admiráveis até seu término-rock-progressivo “Mornings”. E a banda já tem outro álbum programado para sair em 2010, mantendo um lançamento por ano.

2 - “Wall Of Arms”, do The Maccabees.

Os Macabeus, que significa “homens que são fortes como martelo”, são como ficaram conhecidos os judeus que, em defesa de sua religião, se rebelaram contra os gregos, fato que posteriormente levaria à criação do Hanukkah. E em nada disso Orlando Weeks, vocalista do Maccabees, buscou influência, a banda apenas abriu a Bíblia e pegou um nome aleatório. Banda de Londres, seu segundo álbum “Wall Of Arms”, serviu para consolidar o som que já faziam antes, com suas três guitarras e excelente vocal.

1 - “xx”, do The xx.

The xx (em minúsculo mesmo) é um quarteto/trio londrino formado em 2005. Seu debut saiu em 2009 e logo garantiu o primeiro lugar dessa lista. Os vocais melodiosos alternados entre Romy Madley Croft e Oliver Sam são um prazer à parte, completando o grupo com Oliver Smith e a (ex-)tecladista Baria Qureshi. A guitarra contida e o grande peso do baixo, em conjunto com sintetizadores e uma bateria eletrônica, dão um clima minimalista e soturno às composições do xx. É uma sonoridade nada inglesa que sem dúvidas deve ser ouvida.


E como eu obviamente não conseguiria deixar certas coisas de fora, aqui vai uma lista, em ordem alfabética pelo nome das bandas, sem hierarquização, com outros trabalhos que acho valerem a pena serem ouvidos:

“Get Guilty”, do A.C. Newman; “Grrr”, do Bishop Allen; The Tire Swings”, do Boring Landmarks; “Stir The Blood”, do Bravery; “Hey Everyone”, do Dananananaykroyd; “4th Dimension”, do Jimi Tenor & Kabu Kabu; “The First Days Of Spring”, do Noah And The Whale; “Real Estate”, do Real Estate; “White Water, White Bloom”, do Sea Wolf; “Sergeant”, do Sergeant; “There Will Be Fireworks”, do There Will Be Fireworks; “Conditions”, do Temper Trap.

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Os 10 melhores quadrinhos online

Nenhuma das 43 idéias de listas no arquivo “pão ou pães.txt” parecia apropriada para esse texto inicial. Terei outras oportunidades de desenvolve-las no futuro, porém precisava de algo minimamente mais interessante do que “As 10 maneiras mais patéticas de se passar o Natal” para meu post de apresentação. Depois de algumas horas tentando fugir das coisas estúpidas que brotavam na minha mente, pensei em escrever um “Top 10 de quadrinhos”. Sim, parecia ótimo. Exceto pelo fato de que seria obrigada a agrupar figuras como Stan Lee e André Dahmer na mesma categoria. Não entendam mal, o Dahmer é ótimo. Mas, francamente, ele não criou o Homem-Aranha. Então, a lista acabou evoluindo para “Os 10 melhores quadrinhos online”. E se a primeira impressão é a que fica, acabo de receber um gigantesco rótulo de “nerd”.


Só fui apresentada ao Mr. Wiggles hoje, por indicação do Pedro, mas ele parece adorável. O que há para não se amar em um urso de pelúcia ateu, bissexual, sociopata e viciado em drogas?

9 – Angeli

Angeli não é novidade, mas merece ser lembrado. No site, alguns de seus personagens mais memoráveis ficam de fora. São poucas as tiras e charges presentes, por isso ele só conquista a nona posição. É mais fácil procurar seu trabalho na biblioteca mais próxima.


O nome pode ser confuso para os desavisados, mas Sieber é brasileiro. Seu trabalho é publicado no Estadão e na Folha de S. Paulo, porém a internet é o melhor local para encontrar o acervo de cartuns e quadrinhos. Divididas em várias séries, o humor negro é predominante nas tiras. Recomendo a série “Preto no Branco”.


Wondermark traz um humor mais cerebral, para não dizer prepotente. David Malki cria suas tiras com primazia, aproveitando gravuras de livros e revistas do século XIX. Empine seu nariz, volte para a primeira página e divirta-se com as deduções inteligentes.

6 - Laerte

Outro das antigas. Junto com Angeli e Glauco, criou a “Los Tres Amigos”. Contudo, Larte é mais famoso pelos “Piratas do Tietê”. Essas séries e os outros trabalhos do quadrinhista estão disponíveis – e organizadas, o que é uma coisa admirável – na galeria do site. Outros personagens interessantes são Deus e Overman.


Ah. Eu adoro o Dahmer. Não só a série clássica dos Malvados, mas todas as edições especiais, como “Encontro Aual dos Donos do Mundo”, “Treme-Treme” e “Ulisses versus Ulisses”. Sarcástico e politicamente incorreto, trata de solidão, política, sexo e outros assuntos menos - ou mais - relevantes.


Não se deixe enganar pelos unicórnios coloridos e fadinhas simpáticas. Os quadrinhos de Nicholas Gurewitch não são fofos. Os traços delicados justapõem imagens infantis a um discurso mórbido e humor surreal. Os temas são bem abrangentes: sexo, religião, guerra, suicídio. Infelizmente, não é atualizado desde 2008. Mas não deixem de conferir o acervo.


Uma criança poderia desenhar os personagens dessa webcomic. Pior, eu poderia desenhá-los. Mas isso realmente não importa quando você conta com os diálogos cínicos, ricos em ironia, onde a piada nem sempre é definida. “Cyanide and Happiness” é publicado no site da Explosm e feito a oito mãos. O conteúdo é o de sempre: sexismo, racismo, assassinato, mutililação, desvios sexuais... e estou começando a me sentir mal com essa lista. A próxima tirinha precisa ser da Turma da Mônica para salvar minha imagem.


"O Cânone da Música erudita ocidental é pequeno demais para nós dois, cara". As tiras não passam de montagens de ilustrações e fotografias de Ludwig van Beethoven ou Richard Wagner. Similar ao que o David, da Wondermark, faz, porém mais divertida. Obviamente, o que era uma brincadeira de Mauro A. evoluiu e já vai muito além de Beethoven e Wagner, como podem perceber no site. Eu prefiro a “coleção” antiga, aqui.

1 - XKCD

Sim, são bonecos-palito. Pode parecer uma escolha improvável – para os mais agressivos, idiota -, mas XKCD definitivamente é a minha tira online favorita. Ainda que por diversas vezes seu conteúdo nerd esteja fora do meu alcance. Os quadrinhos e o site têm um design simplório, mas a temática é perfeita. Tratando de Matrix a romance, passando por computadores e solidão, a webcomic é divertida, sarcástica e pode te entreter por horas. Sério. Horas.

PS: No Manual do Minotauro dá para ler as tirinhas publicadas pelo Laerte. É atualizado diariamente. (Pedro)

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

No começo, o começo

A ideia surgiu mais fluída que o calvário desse texto inicial. Não que sejam necessárias longas explicações a você, de agora em diante esperançosa e/ou forçosamente leitor(a), afinal, temos uma proposta bastante simples: fazer listas. Por isso é sem fundamento que estejamos arrancando os cabelos. É a obrigação de um requinte maior que nos impusemos para essa postagem, esperando assim obter um espaço entre suas leituras de serventia duvidosa da internet. Não estamos ofendendo ou criticando o que faz com seu tempo livre (sim, no fundo estamos), pois, como pode notar, nos propusemos a produzir esse tipo de material. Queremos o descompromisso, a casualidade, a despreocupação, a distância de toda e qualquer seriedade. Mas claro, nosso objetivo básico é gerar controvérsia e arranca-rabo com a maior quantidade de pessoas para assim ficarmos famosos na rede e conseguir gerar receita através de anúncios.

5 motivos para criar um blog inteiramente baseado em listas:

1 - Fazer listas é divertido. Todos gostam de fazer e mesmo quem não gosta aprecia uma, nem que seja para criticar;
2 - Opinar sobre tudo e todos como se não houvesse amanhã;
3 - Poder fazer/ver/ouvir bizarrices tendo o blog como desculpa;
4 - Gerar controvérsia, fama, diversão e o que mais nós e você conseguirmos tirar daqui;
5 - Rob Gordon/Fleming rules.